O gesso é uma substância, normalmente vendida na forma de um pó branco, produzida a partir do mineral gipsita (também denominada gesso), composto basicamente de sulfato de cálcio hidratado. Quando a gipsita é esmagada e calcinada, ela perde água, formando o gesso.
Misturado com água, endurece rapidamente, adquirindo forma definitiva de oito a doze minutos. Existem vários tipos de gesso, cada um preparado para uma determinada função: cerâmica, decoração, moldes dentários e também na modelagem e fixação de placas para forro e na fundição de molduras.
Devido à sua facilidade em absorver água, mantém a umidade do ar em áreas fechadas, além de apresentar isolamento térmico e acústico.
História do Gesso
O gesso é conhecido desde há muito tempo e, entre
os materiais de construção cuja obtenção exige uma determinada
transformação obrigando à intervenção do homem, ele é geralmente
considerado como um dos mais antigos, a par da cal e do barro.
É obtido, na verdade, aquecendo-se a uma temperatura que não é muito
elevado, reduzindo-se depois a pó um mineral relativamente abundante
na natureza: a pedra de gipso ou gipsita.
Assim, segundo se crê, o homem descobriu o gesso, juntamente com a
sua reação característica com a água, no dia em que, tentando fazer
um forno, escavou o solo destinado a receber o próprio combustível
numa área sobre a qual aflorava a gipsita.
É, aliás, empregando uma técnica análoga que o gesso é ainda
fabricado nos nossos dias de forma artesanal para usos locais em
certos paises do Oriente Médio (Síria, Iraque, etc.).
Recentes descobertas arqueológicas revelaram que o emprego do gesso
remonta a oito mil anos antes de Cristo (segundo escavações feitas
na Síria e Turquia). Os rebocos em gesso e cal serviram de apoio
para os frescos decorativos, na preparação do solo e mesmo na
fabricação de recipientes.
Também se descobriram nas escavações de Jericó (6 mil anos antes de
Cristo) vestígios do emprego de gesso em moldagem.
É do conhecimento geral que a grande Pirâmide, atribuída a Quéops,
faraó do Egito durante a 4ª Dinastia por volta do ano 2800 antes da
nossa era, preserva um dos vestígios mais antigos do uso do gesso na
construção: para a execução de acordo com uma técnica ainda não
totalmente compreendida, juntas de montagem com uma precisão
fantástica entre os blocos, alguns dos quais com 16 toneladas que
constituem o monumento.
Contudo, foi o filósofo Teófrasto que viveu entre os séculos IV e
III antes de Cristo e foi discípulo de Platão e de Aristóteles, com
o seu “Tratado da Pedra” que parece ser o mais antigo e o mais
documentado dos autores que se interessaram pelo gesso. Ele cita a
existência de pólos de gesso em Chipre, na Fenícia e na Síria.
Também indica que o gesso era utilizado como reboco, para
ornamentação, em frescos e em baixo-relevos, assim como na
estatuária. Ele sublinha que são as qualidades e o poder dos
aglutinantes que permitem obter um material assim, denotando a
possibilidade de “recuperar” os rebocos ou as obras antigas em gesso
para as submeter a uma nova cozedura, reutilizando o gesso assim
obtido.
Mais perto de nós, (no tempo dos Romanos – N.T.) Catão e Columela
mencionaram diferentes utilizações para o gesso, tendo Plínio o
Antigo lhe consagrado desenvolvimentos importantes.
Menos conhecidas e possivelmente menos evoluídas que aquelas que nos
foram transmitidas por Gregos e Romanos, as aplicações do gesso
existem igualmente desde há bastante tempo em outras partes do
globo. Assim, em África, foi com um gesso bastante resistente que os
Berberes construíram as barragens e os canais, graças aos quais
asseguram desde há séculos a irrigação dos palmeirais de Mzab, sendo
também com o gesso que eles montam blocos de adobe com os quais
constroem as suas habitações.
Entre nós, foi com a invasão romana que os nossos antepassados
tomaram conhecimento dos processos de construção, usando os recursos
da alvenaria e do gesso. Daí em diante, estes tipos de construção e
com eles o uso do gesso vão beneficiar a construção de madeira que
os Francos trouxeram com eles e que prevaleceu durante a época
Carolíngia e Merovíngia (fig. I.1).
Apesar de tudo, nessas épocas o gesso foi utilizado de forma
corrente na região parisiense para a fabricação de sarcófagos
decorados, tendo vários exemplares sido encontrados e que chegaram
quase intactos até aos nossos dias.
Mas, a partir do século XII e durante toda a Idade Média, a
construção em alvenaria e rebocos utilizando o gesso ganha então um
outro ímpeto. O estuque já é então conhecido, assim como o gesso
para forros de teto (em maior grau no estrangeiro, principalmente na
Baixa Saxônia e no Luxemburgo).
Um édito real menciona desde 1292 a exploração de 18
minas na região parisiense. O gesso é empregue principalmente no reboco,
para forrar toscamente os painéis de madeira, revestir tabiques ou para
a construção de chaminés monumentais (fig. I.2).
Durante o período Renascentista, encontramos o gesso empregue na
decoração e, durante o Barroco, há um uso abundante do estuque.
Deve-se em grande parte a generalização do uso do gesso para construção
a um édito de Luis XIV promulgado em 1667.
Na realidade, o rei-Sol tirando experiência do grande incêndio que
destruíra Londres um ano antes, impôs que os tabiques de madeira que
constituíam o esqueleto das casas fossem revestidos tanto a nível
externo como interno por um reboco de gesso conhecido pela sua
impressionante resistência ao fogo.
No séc. XVIII, a utilização do gesso na construção generalizou-se a
ponto de, no âmbito das construções existentes, ¾ dos hotéis e a
totalidades dos edifícios do Poder e da população terem sido feitos em
painéis de madeira tosca e rebocos de gesso – e no caso das construções
novas, cerca de 95% eram feitas em gesso.
Nessa época, a fabricação do gesso ainda era feita de forma empírica e
rudimentar. É assim que Lavoisier, em 1768, apresenta à Academia de
Ciências o primeiro estudo cientifico sobre os fenômenos que estão na
origem da preparação do gesso.
No século seguinte, os trabalhos de diferentes autores e principalmente
os de Van t’Hoff e nomeadamente os de Le Chatelier vão permitir abordar
uma explicação científica sobre a desidratação da gipsita.
Foram seguramente estes trabalhos que suscitaram e estimularam os
esforços que, no âmbito da fabricação do gesso e cujos meios teriam
evoluído muito pouco ao longo dos tempos e permaneciam ainda muito
rudimentares, fomentaram uma profunda transformação dos equipamentos. No
entanto e à luz da fabricação e dos meios que ela utiliza, foi só no
século XX que, graças à evolução industrial, foram introduzidas as
transformações mais profundas, as que levaram aos equipamentos atuais
cuja descrição será apresentada posteriormente.
Bem entendido e concomitantemente, as aplicações e técnicas de
utilização do gesso evoluíram a um ritmo análogo, pelo que nos propomos
fazer no presente manual e de uma forma tão abrangente quanto possível,
o ponto da situação a esse respeito.
A partir do século XX, em função da evolução industrial, os equipamentos
para a fabricação do gesso deixaram de ter um conceito rudimentar e
passaram a agregar maior tecnologia, assim como a melhoria tecnológica
dos produtos passou a facilitar suas formas de emprego pelo homem.
Fonte: LE PLÂTRE – Physico-chimie Fabrication – Emplois – Syndicat
National dês Industries du Plâtre – EYROLLES-1982 – Paris – FRANCE.
Imprimir